domingo, 30 de janeiro de 2011

O Papagaio-galego (Alipiopsitta xanthops)

Durante o primeiro dia de 2011, tive a alegria de ver pela primeira vez essa simpática espécie, o papagaio-galego. O dia estava nublado e chovendo muito, mas essa espécie alegrou o meu dia quando um bando de 10 indivíduos pousaram em um pé de embaúba próximo à moradias da chácara onde eu estava, localizada em Cocalzinho de Goiás. Outro fato interessante, é que nessa chácara já vizualizei um casal de arara-azul-grande  (Anodorhynchus hyacinthinus). Segundo os donos da chácara essas duas espécies são regularmente vistas na propriedade.



Esse bando permaneceu por vários minutos nessa embaúba, mas infelizmente a bateria da câmera estava acabando e só foram possíveis duas fotos.




O Papagaio-galego mede cerca de 26 cm de comprimento. Conforme minha observação essa espécie pode viver em bandos de até 10 indivíduos. Possui plumagem verde e amarela, sendo que o amarelo é predominante na cabeça da ave. É curioso que alguns indivíduos possuem mais verde em sua coloração e  já outros possuem mais amarelo, provavelmente uma variação individual na plumagem.

Localmente comum, o seu habitat inclui cerrados, cerradões, matas de galeria, matas secas, campos de cupim, buritizais e fazendas. A espécie é considerada ameaçada, devido à destruição acelerada de seu habitat.

Alimenta-se de frutos, sementes, coquinhos silvestres e possivelmente de larvas e ninfas de insetos (que procura sob a casca das árvores retorcidas do cerrado).

Na época da reprodução se isolam em casais e nidificam em ocos de árvores, palmeiras ou cupinzeiros, colocando de 2 a 4 ovos, incubados durante 28 dias. Consta que os filhotes permanecem no ninho por quase 2 meses.

sábado, 29 de janeiro de 2011

O Buriti (Mauritia flexuosa)


O Buriti é a espécie de palmeira mais comum do Cerrado e sua ocorrência está ligada com a água, ocorrendo em matas ciliares, áreas brejosas e principalmente nas veredas. O palmeiral com grande quantidade de buritis é denominado buritizal.

Socó-boi (Tigrisoma lineatum)


O Socó-boi é uma ave Ciconiiforme da família Ardeidae. Também conhecido como socó-pintado, socó-boi-ferrugem e taiaçu (em tupi: tai – riscado; açu – grande). Mede 93 cm de comprimento.

Localmente comum, ocorre em rios e lagos tomados por vegetação aquática, taboais alagados, pântanos e brejos no interior da mata e veredas.

Vive geralmente solitário, tornando-se mais ativo ao amanhecer e durante o crepúsculo. Se perturbado, permanece imóvel até voar, indo empoleirar-se no alto das árvores ou sumindo na imensidão dos pântanos e matas ciliares.

Oculto na densa vegetação, espreita peixes e outros organismos aquáticos (inclusive filhotes de jacaré e serpentes aquáticas), ficando em total imobilidade nas margens. Captura suas presas com seu afilado bico, dardejando-as em golpes certeiros e retendo-as entre a maxila e a mandíbula.

Reproduz-se isoladamente, fazendo o ninho em formato de plataforma com grandes gravetos frouxos, pondo um único ovo branco-azulado manchado de violeta. Os adultos costumam coletar o alimento da prole a grande distância do ninho. A procriação procede geralmente no início ou no fim da estação seca, quando o alimento para as aves aquáticas é normalmente mais farto. O indivíduo jovem é amarelado com pequenas manchas negras por todo o corpo, assemlhando-se ao socó-boi-baio (Botaurus pinnatus). A plumagem adulta é adquirida aos dois anos de idade.

O nome socó-boi é relacionado à sua vocalização, um esturro forte, semelhante ao mugido de um boi.

Bibliografia consultada:

*TOMAS, S. 2009. Guia de Campo Avis Brasilis – Avifauna Brasileira. Editora Avis Brasilis, São Paulo.

*BRASIL 500 PÁSSAROS - disponível em http://webserver.eln.gov.br/Pass500/BIRDS/1eye.htm Acesso em 18/12/2010.

*WIKIAVES – disponível em: http://www.wikiaves.com.br/soco-boi Acesso em 18/12/2010.



Registros nos municípios de: Arenópolis/Bela Vista de Goiás/Caçu/Campestre de Goiás/Itumbiara/Jaraguá/Jataí/Palmeiras de Goiás/Porangatu/Quirinópolis/Rio Verde/São Miguel do Aragauaia.

Periquito-de-encontro-amarelo (Brotogeris chiriri)

Classificação: É uma ave Psittaciforme da família Psittacidae.

Caracterísiticas: Mede 23 cm de comprimento. Possui coloração geral verde, asas em um tom mais escuro. Caracteriza-se pelas faixas amarelas presentes nas asas, fato que lhe rendeu o nome popular.



Alimentação: Possui uma dieta variada, utilizando várias espécies botânicas como fonte de alimento. Alimenta-se principalmente de frutos, mas também de sementes e flores. Gosta dos frutos das palmeiras e na cidade, visita os quintais com árvores frutíferas, especialmente goiabeiras (obs. pessoal), deliciando-se de seus frutos. Contribui com a dispersão de sementes, deixando as cair no solo, ou as eliminando pelas fezes.

Reprodução: Nidifica nas escarpas rochosas das chapadas, em barrancos e cupinzeiros arbóreos, ou em ocos de árvores (Sigrist, 2009), também podendo utilizar ninhos abandonados de joão-de-barro. A postura é de até 5 ovos.

Hábitos: São aves barulhentas, vocalizando constantemente enquanto voam ou durante suas algazarras na vegetação, de modo que muitas vezes é difícil encontrá-los, pois se camuflam com o verde de seu habitat. Vivem em bandos de tamanhos variáveis, provavelmente se isolando em casais na época de reprodução. Quando em vôo percebe-se o belo contraste de cores entre o amarelo das asas e os tons de verde de sua plumagem.

Habitat: Vive em cerrados, matas ciliares, matas de galeria, matas secas, campos com árvores esparsas, chapadas, buritizais, chácaras e áreas urbanas. Parece ser mais abundante nas cidades do que em seu habitat natural, encontrando condições propícias de sobrevivência em ambientes com alteração antrópica.

Distribuição e ocorrência em Goiás: De ampla ocorrência em todo o estado, é o psitacídeo mais comum de Goiás.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Diversidade avifaunísitica da Estância Nossa Senhora Aparecida

Área de estudo: A Estância Nossa Senhora Aparecida é uma pequena propriedade particular, medindo aproximadamente 2 alqueires. Localiza-se próximo à pousada Paraíso dos Sonhos, no município de Corumbá de Goiás.


                                                          Acesso à propriedade



Trilha que dá acesso ao córrego que passa na Estância, protegido pelas matas de galeria


                                       Área do tanque e vegetação ao redor

A altitude média do município de Corumbá é de 962 metros, chegando a ultrapassar 1200 metros em determinados pontos. É uma região alta, com relevo bastante acidentado e um sistema de drenagem abundante. A vegetação do município é o Cerrado.

Procedimentos: Foram seis visitas ao local em diferentes períodos: julho (2009), outubro (2009), janeiro (2010), junho (2010), setembro (2010) e novembro (2010), totalizando aproximadamente 30 horas de observação

Foram delimitadas seis áreas de observação na Estância:

*Área das residências: será denominada E1
*Área da represa e proximidades: E2
*Pasto: E3
*Área do tanque e vegetação ao redor: E4
*Mata de galeria: E5

As observações foram feitas em vários períodos do dia, inclusive nos horários de menor atividade das aves. As espécies foram identificadas com base em registros visuais e sonoros, com o auxílio de equipamento fotográfico. A nomenclatura segue o CBRO (Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos).

Resultados: Foram identificadas 69 espécies pertencentes a 27 famílias. A família Tyrannidae obteve o maior número de registros (13), provavelmente por ser a família com o maior número de espécies brasileiras. A maioria das espécies foram identificadas por registros visuais, enquanto que apenas 3 espécies foram identificadas por registro sonoro. Dentre as espécies registradas apenas uma é restrita a áreas de mata, não ocorrendo em áreas com alteração antrópica.

O número de espécies registradas não indica necessariamente que todas esssas espécies vivam na área da Estância mas sim que foram vistas dentro da propriedade, já que as aves fazem deslocamentos constantes por toda uma região. Algumas espécies, por exemplo, podem chegar na propriedade deslocando-se pelas matas de galeria adjascentes.

Lista das espécies registradas na Estância:

Família Alcedinidae
*Martim-pescador-grande (Megaceryle torquata) - Observado em E2

Família Ardeidae
*Garça-granca-grande (Ardea alba) - E2
*Garça-vaqueira (Bubulcus ibis) - E2
*Maria-faceira (Syrigma sibilatrix) - E3


Família Cariamidae
*Seriema (Cariama cristata) - E3

Família Cathartidae
*Urubu-de-cabeça-preta (Coragyps atratus) - E3,E2

Família Charadriidae
*Quero-quero (Vanellus chilensis) -E3

Família Columbidae
*Fogo-apagou (Columbina squammata) - E1,E2
*Rolinha-roxa (Columbina talpacoti) - E3
*Juriti-pupu (Leptotila verreauxi) - E1,E5
*Pombão (Patagioenas picazuro) - E3
*Pomba-galega (Patagioenas cayennensis) - E2

Família Corvidae
*Gralha-cancã (Cyanocorax cyanopogon) - E5

Família Cuculidae
*Anu-branco (Guira guira) - E3
*Anu-preto (Crotophaga ani) - E2,E3
*Alma-de-gato (Piaya cayana) - E5

Família Dendrocolaptidae
*Arapaçu-de-cerrado (Lepidocolaptes angustifrons) - E3

Família Emberizidae
*Tico-tico (Volatinia jacarina) - E1,E2,E4
*Tico-tico-do-campo-verdadeiro (Ammodramus humeralis) - E3
*Tizu (Zonotrichia capensis) - E3
*Canário-da-terra-verdadeiro (Sicalis flaveola) - E1,E2
*Baiano (Sporophila nigricollis) - E4
*Curió (Sporophila angolensis) - E3

Família Falconidae
*Carcará (Caracara plancus) -E3

Família Fringillidae
*Fim-fim (Euphonia chlorotica) - E1
*Gaturamo-verdadeiro (Euphonia violacea) - E1

Família Furnariidae
*João-de-barro (Furnarius rufus) - E3
*João-grilo (Synallaxis hiposopodia) - E4

Família Hirundinidae
*Andorinha-do-campo (Progne tapera) - E1
*Andorinha-serradora (Stelgidopteryx ruficollis) - E3

Família Icteridae
*Encontro (Icterus cayanensis) - E4
*Graúna (Gnorimopsar chopi) - E3,E4
*Vira-bosta (Molothrus bonariensis) - E1,E3

Família Picidae
*Pica-pau-do-campo (Colaptes campestris) - E3
*Pica-pau-de-banda-branca (Dryocopus lineatus) - E4,E5
*Picapauzinho-anão (Veniliornis passerinus) - E3

Família Pipridae
*Soldadinho (Antilophia galeata) - E5

Família Polioptilidae
*Balança-rabo-de-máscara (Polioptila dumicola) - E1

Família Psittacidae
*Periquito-de-encontro-amarelo (Brotogeris chiriri) - E1
*Periquito-rei (Aratinga aurea) - E3
*Tuim (Forpus xanthopterygius) - E4

Família Thamnophilidae
*Choca-barrada (Thamnophilus doliatus) - E2,E4

Família Thraupidae
*Saí-andorinha (Tersina viridis) - E3,E4
*Saíra-amarela (Tangara cayana) - E2
*Sanhaçu-cinzento (Thraupis sayaca) - E1,E5
*Sanhaçu-de-coleira (Schistochlamys melanopis) - E2,E4

Família Threskiornithidae
*Curicaca (Theristicus caudatus) - E3
*Tapicuru-de-cara-pelada (Phimosus infuscatus) - E2

Família Trochilidae
*Beija-flor-tesoura (Eupetomena macroura) - E1
*Besourinho-de-bico-vermelho (Chlorostilbon lucidus) - E2
*Rabo-branco-acanelado (Phaethornis pretrei) - E2

Família Troglodytidae
*Corruíra (Troglodytes musculus) - E1,E3
*Garrinchão-de-barriga-vermelha (Cantorchilus leucotis) - E2

Família Turdidae
*Sabiá-laranjeira (Turdus rufiventris) - E1,E2,E5
*Sabiá-barranco (Turdus leucomelas) -E1,E5

Família Tyrannidae
*Piolinho (Phyllomyias fasciatus) - E4
*Alegrinho (Serpophaga subcristata) - E1
*Maria-cavaleira (Myiarchus ferox) - E1,E2
*Bentevizinho-de-penacho-vermelho (Myiozetetes similis) - E2,E4
*Bem-te-vi (Pitangus sulphuratus) - E2,E3
*Bem-te-vi-rajado (Myiodinastes maculatus) - E1,E2
*Neinei (Megarynchus pitangua) - E2
*Suiriri (Tyrannus melancholicus) - E2,E3
*Suiriri-de-garganta-branca (Tyrannus albogularis) - E1,E2
*Noivinha-branca (Xolmis velatus) - E3
*Viuvinha (Colonia colonus) - E2
*Ferreirinho-relógio (Todirostrum cinereum) - E2
*Guaracava-de-barriga-amarela (Elaenia flavogaster) - E1

Família Vireonidae
*Pitiguari (Cyclarhis gujanensis) - E5

Alguns registros fotográficos feitos na propriedade:

                                         
                                         
                     
                        
                                    
                                    
                                         
                                         



                        
                                  

















 

O Udu-de-coroa-azul (Momotus momota)



O Udu-de-coroa-azul é uma ave Coraciiforme da família Momotidae. Também conhecido como udu-coroado  e juruva.

Mede 44 cm de comprimento. Uma das mais belas aves do Cerrado, o udu se caracteriza pela plumagem de cores espetaculares e a cauda, formada por duas longas penas centrais, em cujas pontas se formam duas raquetes.

É comum, vivendo no estrato baixo ou médio em todo tipo de matas abertas ou densas, matas ciliares, cerradões e áreas esparsamente arborizadas. Espécie bastante flexível ecologicamente,  pode ocorrer até em pequenas matas em parques urbanos, ocupando áreas antrópicas anexas ao seu biótopo. Desaparece em áreas de monocultura e pecuária extensivas, pela remoção completa da vegetação natural.

A espécie é comum nas matas ciliares abertas ao longo do Rio das Almas (obs. Pessoal).

Vive solitário ou aos pares, com pouca associação entre os indivíduos. Se perturbado, balança a cauda de um lado para o outro. Não teme o ser humano, permitindo uma boa aproximação.

Permanece pousado imóvel por algum período, voando repentinamente até a folhagem, galhos ou o chão para apanhar presas. Tem dieta mista, composta por frutos e artrópodes, peixinhos, anfíbios, répteis, pequenos mamíferos, pássaros e seus filhotes. Segue formigas-de-correição, eventualmente.

O canto é semelhante ao de uma coruja, emitido mais freqüentemente no clarear e escurecer, embora possa ser escutado a qualquer hora do dia e da noite.

O período reprodutivo é de julho a novembro. Nidifica em buracos escavados em barrancos ou no solo, onde escava seu túnel de 0,6 a 4 metros de profundidade, chocando entre 3 e 5 ovos brancos.